2008/05/20

O afundamento de Portugal

Um Longo Caminho de Ajustamento para Percorrer – Portugal, os próximos anos serão vividos com um elevado sofrimento social, económico e até político

A semana passada foi a vez dos portugueses assentarem os pés na terra e passarem a encarar o seu futuro com mais realismo, com os dados divulgados pelo INE sobre o nosso raquítico crescimento. A semana passada caiu a máscara oficial: Portugal está a caminho de uma longa depressão. E as ilusões criadas por um poder político impreparado para falar a verdade ao país terão mais más consequências que boas. Além disso a realidade não se muda por decreto ou com falso optimismo.

Portugal no primeiro trimestre de 2008 cresceu apenas 0,9% em termos homólogos, ao passo que no resto da Europa o crescimento médio foi de 2,2%. Além desta divergência estrondosa o que gera mais perpelixidade é que o crescimento económico europeu continuou a set forte como no trimestre anterior, em especial na Alemanha e França; ao passo que em Portugal o PIB caiu mesmo face ao trimestre anterior. Ou seja, pese embora o mau ambiente gerado pela desaceleração espanhola, na verdade Portugal deixou de crescer mais por deficiências endógenas que devido à conjuntura externa.

Mas as más notícias não se ficaram por aqui. Outras notícias saídas nos últimos dias são preocupantes, duas em especial, que foram saudadas pelo poder político como boas. Mas que de boas nada tem. Uma delas foi que o Investimento Directo Estrangeiro se afundou, e em menos de dois aos, Portugal destruiu quase qualquer capacidade para atrair investimento externo. Hoje o IDE é residual e assenta sobretudo em aproveitamento produtivo de factores naturais, leia-se, recursos naturais. O investimento estrangeiro posiciona-se na extracção de minérios, como a recente reabertura das Minas de Aljustrel; e no aproveitamento da madeira, com a abertura de um fábrica da IKEA, que ao mesmo tempo obteve importantes condições financeiras do Estado português para se estabelecer comercialmente em Portugal.

A outra má notícia é que Portugal tem cada vez mais mão-de-obra qualificada e barata. E apesar da abundância de mão-de-obra barata e qualificada, Portugal não consegue atrair bom investimento estrangeiro. Demonstrando que a aposta na educação e formação profissional de nada vale ao tecido produtivo se não forem reunidas muitas outras condições atractivas para o investimento do exterior. Não deverá ser por acaso que o governo decidiu voltar ao modelo anterior de desenvolvimento com a aposta nas obras públicas, para gerar algum crescimento económico. Segundo alguns números divulgados, o governo prepara-se para lançar obras faraónicas no valor de 12% do seu PIB. O que é demonstrativo da falência da aposta na qualificação e formação dos seus trabalhadores e do famigerado Choque Tecnológico. A política de betão está de volta, com os naturais custos inerentes a serem transferidos para os próximos 20 anos, o que aliados ao passado, tornará Portugal numa espécie de Mezzogiorno Ibérico.

Mas as verdadeiras más notícias foram vendidas ao país como boas notícias. A primeira delas é a criação de empregos no primeiro trimestre de 2008 comparativamente com 2007. Segundo o INE, o número de empregados cresceu 1,1%, face ao ano anterior. E aqui parecendo que este maior número de activos empregados é bom para o país, não o é. Não o é tendo em conta que a economia portuguesa apenas cresceu 0,9% face ao ano anterior. Ou seja, Portugal conheceu uma queda na sua produtividade. Ou dito de outro modo, precisou de mais activos para gerar menos riqueza relativa. O que na prática quer dizer que são empregos sem futuro e apenas temporários. Porque a produtividade está de novo a cair em Portugal, mostrando que a economia portuguesa já não consegue aguentar as forças económicas em presença, como maiores taxas de juro, maiores preços das matérias-primas, em especial as energéticas, etc. Na verdade, com a divulgação deste mau crescimento económico a par deste aumento de activos empregados, poderemos antever, com elevado grau de certeza, que a economia portuguesa prepara-se para viver um depressão económica dura, longa e bastante sofrida.

A outra notícia bastante preocupante mas que confirma o clima depressivo em Portugal são os dados da inflação relativos ao mês de Abril que se saldou pelos 2,5%, em termos homólogos. E estes dados, vendidos ao país como bons resultados económicos escondem uma realidade por trás bastante dura e preocupante: a economia portuguesa está a viver sob um clima depressivo profundo e deflacionista. E está se tivermos em conta que o cada vez maior preço das matérias-primas está a pressionar o tecido produtivo de uma forma trágica. Desde o petróleo aos alimentos, a generalidade destes produtos têm subido de preço a ritmos cada vez mais elevados e no entanto o tecido produtivo não consegue transferir este enorme aumento de custos para o consumidor. Mostrando que Portugal vive sob força depressivas enormes, devido à fraca procura. As margens do tecido produtivo deverão estar a comprimir-se de um modo bastante preocupante, sendo de prever uma nova onda de falências das nossas empresas nos próximos trimestres.

As forças depressivas são poderosas em Portugal e tanto o são que as vendas a retalho estão em queda. Assim como, por exemplo, as vendas de gasolina. Ou seja, a procura interna está a viver mais um colapso, sendo de destacar tanto a queda no consumo privado como no investimento. E estas forças depressivas, derivadas de uma fraqueza na procura, estão a asfixiar ainda mais o tecido produtivo na medida que a sensibilidade ao preço por parte dos consumidores é cada vez maior, como se prova pela queda relativa da inflação portuguesa face ao exterior.

Todas estas notícias nos dão um profundo sinal de alarme. IDE em queda, procura interna em queda, quedas na produtividade, retorno à famosa política de betão como modelo de desenvolvimento, quedas no nível de vida dos activos mais qualificados e choques económicos para amortizar, deverão gerar uma profunda depressão económica e social, que deverá ser mais longa, dura e sofrida do que seria desejável.

Portugal não consegue produzir mais e melhor. Mas está endividado, tem um Estado que parasita todo o tecido produtivo e profundamente ineficiente. Para mais, Portugal tem um elevado défice externo que a prazo terá que ser corrigido, pois se a sua produtividade não sobe, também terá que ter uma queda no seu nível de rendimentos. De molde a que se ajuste à sua fraca produtividade, que ainda por cima está agora em queda, com crescimentos negativos.

Além de produzir cada vez pior e ineficientemente, com o uso de cada vez mais activos para produzir menos, Portugal tem um Estado que consome todos os recursos que pode. Porque o Estado não conseguiu conter a sua gula por recursos e os seus gastos já absorveram quase todos os ganhos que obteve pelo maior aumento da carga fiscal de que há memória. A par de Portugal, só a Espanha teve um aumento da pressão fiscal equiparável, em toda a Europa, segundo um Instituto de estudos económicos espanhol. Isto é, o Estado consome cada vez mais recursos e produz cada vez menos, mostrando que também vive uma queda assustadora na sua própria produtividade. Desta forma asfixia cada vez mais o já fraco e débil tecido produtivo.

Os próximos anos serão dolorosos para os portugueses, em especial os mais fracos e desfavorecidos. O número de falências irá aumentar, o desemprego irá crescer, os salários reais cairem cada vez mais e o ajustamento estrutural inevitável será longo e prolongado. E quer se use os Custos Unitários de Trabalho, que se use a Produtividade como medidas para estabelecer tendências futuras para o nosso comportamento económico, ambos nos dizem que Portugal só tem dois caminhos: ou Portugal aumenta a sua produtividade para que esta sustente o actual nível de vida; ou o seu nível de vida terá que descer para se ajustar á sua capacidade de criação de riqueza.

Infelizmente Portugal não consegue elevar a sua produtividade. Pelo contrário, esta encontra-se em queda. Logo, o nível de vida médio dos portugueses irá cair. Será um processo longo, duro e bastante causador de sofrimento social. É inevitável. É o realismo económico sob as vestes do pessimismo económico. É o afundar completo de Portugal. Anti-Comuna in blasfemias.net (comentários), 20 Maio às 12:35 pm


Reconfiguração da escola

À escola tem vindo a ser progressivamente atribuídas mais funções sem que, contudo, se tenha ainda registado um pensamento profundamente transformador. O conceito de “escola de espectro lato” como centro comunitário, polivalente, organizado numa perspectiva de abertura à sociedade e à aprendizagem ao longo da vida, com expressão já visível na Holanda, deverá constituir um referente a explorar até pela ligação que possibilita com políticas de formação de adultos, incluindo os próprios pais e também com políticas municipais numa lógica de “a cidade como escola”. In Relatório do CNE, A Educação das Crianças dos 0 aos 12 Anos, p. 126

Comentário
Um ponto prévio: o Relatório do CNE é um excelente documento técnico. É um documento de trabalho que eu vou ter em conta nas minhas análises e reflexões embora discorde da concepção de escola básica e de professor que está presente na maior parte dos capítulos.
Quem ler o Relatório do CNE, sobretudo as conclusões e os capítulos escritos por Maria do Céu Roldão e Natércio Afonso, verifica que existe uma consonância muito grande entre a perspectiva de escola e de profissão docente defendida e posta em prática pela ministra da educação e as recomendações do Relatório. As conclusões e as recomendações finais reflectem o peso da opção por uma concepção assistencialista de escola e por uma perspectiva do professor como prestador de cuidados sociais. Os autores do Relatório do CNE falam mesmo em reconfiguração da escola e assumem, implicitamente, que as novas funções sociais, assistenciais e de guarda de crianças e adolescentes devem passar para o núcleo central da missão da escola e das funções dos professores. É por isso que concordam com o novo quadro de habilitação profissional para a docência, que estipula uma formação inicial de professores assente num 1º ciclo de 3 anos de formação em educação básica, seguido de um 2º ciclo de 2 ou 3 semestres, com vários perfis, um deles para formar professores generalistas para os 6 primeiros anos de escolaridade. Não parecem preocupar-se com o facto de o novo modelo de formação inicial ser um mosaico de generalidades que não permite que os diplomados saiam com uma sólida cultura científica e pedagógica. Não os preocupa, nem à ministra da educação, que o decreto lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro, que estabelece o novo quadro jurídico da formação inicial de professores, seja uma clara violação da Lei de Bases do Sistema Educativo. Para além de representar um enorme retrocesso na formação inicial de professores. Um retrocesso que se caracteriza pela imposição de uma grelha de planos de estudos que é uma mera soma de generalidades, sem que os alunos tenham a possibilidade de aprofundar conhecimentos em coisa nenhuma. in professoresramiromarques.blogspot.com, 20 de Maio, 12:17


Saqueando

O ministro das Finanças autorizou a concessão de um subsídio de Alojamento a Ascenso Simões, secretário de Estado da Protecção Civil, no montante de 75% do valor das ajudas de custo estabelecidas para os vencimentos superiores ao índice 405 da Função Pública, ou seja, são mais 1300 euros por mês.

O próprio Teixeira dos Santos recebe este subsídio por não possuir residência em Lisboa. Está a viver no Porto, tendo residência oficial em Lisboa. Continua a dar aulas, ele e a mulher, na Universidade, no Porto e é Presidente da Bolsa de Valores do Porto.

Enquanto estes canalhas andam a roubar o direito ao salário e à carreira dos funcionários, ao mesmo tempo pagam-se a eles próprios 'subsídios de residência', cujos montantes são superiores ao que auferem mensalmente 80% dos funcionários no seu próprio salário! E isto só em 'subsídio'! Ou seja, a técnica é esta: Rouba-se a muitos, para dar muito, a poucos! Esta é a política do desgoverno, dito 'socialista'! (recebido em e-mail)


Golpadas

Os deputados socialistas, professores, querem passar de imediato a professores titulares, sem darem aulas e sem serem avaliados e tudo isto com o beneplácio do sr josé pinto de sousa.

Os deputados do PS estão contra os professores, mas querem ser titulares sem porem os pés na escola.

Retirado da Ordem Trabalhos de reunião ME / Plataforma:

Ponto 8

Acesso à categoria de Professor Titular para os Professores em exercício de funções ou actividades de interesse público, designadamente, enquanto Deputados à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, Autarcas, Dirigentes da Administração Pública, Dirigentes de Associações Sindicais e Profissionais. (recebido em e-mail)


Professor, deixa de dar lucro a quem te insulta!

Existe um jornal neste país que tem denegrido, sistematicamente, a imagem dos professores: o "Correio da Manhã". Desde o célebre artigo do senhor E. Rangel até à noticia mais vulgar os docentes são sempre um alvo a abater.

Este "jornal" pertence ao Grupo Cofina, que possui também as publicações:

Sábado;
Record;
Pc Guia;
AutoMotor;
Máxima;
JNegócios;
Rotas & Destinos;
Semana Informática;
(recebido em e-mail)