2008/05/04

Voltar ao marco e acabar de vez com a UE

"Um terço dos alemães quer deixar a moeda única da zona euro e voltar ao marco"

Aparece, muito discretamente, no canto inferior direito de uma página esquerda (o canto no qual 50% - atenção que esta afirmação não é "científica" - dos leitores não reparam) do Público de 3 de Maio, página 42.

Não convém roubar aos portugueses a esperança... Uma vez que em Portugal o futuro se joga entre a Europa e as trevas. Descansem que só são um terço!

Mas... se pensarmos que o palhaço louro que ganhou a câmara de Londres não é propriamente um europeísta... Para não falarmos do fachistóide que ganhou a câmara de Roma, que se esquece dos milhões de italianos que tiveram que fugir do seu país para escapar à miséria e à fome, no passado, e ao desemprego na actualidade.


Para que o partido do táxi se transforme no da biciclete*

O CDS-PP levou ao parlamento português um voto de pesar pelo cónego Melo, que foi um asqueroso bombista de extrema-direita. É preciso lata! Mas lata não falta à gente do "partido do táxi" que quando - pela mão de Barroso e Santana - passaram pelo governo português, logo se encarregaram de encomendar submarinos, num concurso duvidoso cujo montante daria para construir duas pontes Vasco da Gama, para além do caso Portucale e de outros que não chegaram ao conhecimento do público.

O grave não foi a lata da gentalha do CDS-PP ter levado ao parlamento um voto de pesar por um bandido. O grave foi que só meia dúzia, ou pouco mais, de deputados abandonaram o hemicíclo em sinal de protesto: uns poucos do PSD e do PS, e a totalidade dos deputados do BE. Do PCP não chegou notícia... e a "esmagadora maioria" da gente do PS e PSD ficou lá dentro. De facto, sou condicionado a concordar com a teoria da "massa". Ou com a da tribo escorraçada e sitiada pelo Atlântico. Talvez com as duas... * de um lugar


Casos residuais

390 queixas de agressão dos filhos sobre os pais

O número de queixas de agressões de filhos a pais não pára de aumentar em Portugal: se em 2006 a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) recebeu 349 denúncias de pais contra os filhos, no ano passado este tipo de violência doméstica disparou para 390 casos, uma subida de 12 por cento face a 2006. Os actos agressivos de jovens com idades entre 18 e 25 anos já representam 20 por cento do total das denúncias registadas pela APAV.
...
- O fenómeno pode ser mais grave ainda?

– Pensamos que sim. Não é fácil um pai ou uma mãe reconhecer que o seu filho é capaz de ter comportamentos daqueles. E ainda é mais difícil assumir a possibilidade de se queixarem à polícia e aos tribunais. in correiomanha.pt (04 Maio 2008 - 13h00)


Democracia portuguesa é das piores da Europa

A qualidade da democracia portuguesa está longe de ser comparar às melhores democracias europeias. Ao invés, encontra-se bastante abaixo da média, situando-se ao nível de países como a Lituânia e a Letónia, e só acima da Polónia e da Bulgária.

As conclusões são da Demos, uma organização não governamental (ONG) britânica que tem por principal objectivo "pôr a ideia democrática em prática" através, por exemplo, de estudos. A Demos divulgou no final de Janeiro um "top" de avaliação da qualidade democrática em 25 países da UE denominado "Everyday democracy index" (EDI, cuja tradução possível será "index da democracia quotidiana"). Trata-se de uma avaliação sofisticada que envolve mais itens do que o normal em avaliações deste género. O escrutínio não se fica pelos aspectos formais da democracia (eleições regulares, por exemplo). Vai mais longe, avaliando o empenho popular na solução democrática dos seus problemas e, por exemplo, a qualidade da democracia dentro das relações familiares. Os resultados quanto a Portugal contrastam, por exemplo, com o último Democracy Índex mundial divulgado pela revista britânica The Economist, e relativo a 2007. Nessa tabela (ver DN de 5 de Abril), Portugal aparece classificado em 19º lugar (no mundo), posição que sobe para 12º quando vista apenas entre os 27 países da UE.

No EDI, Portugal está em 21º lugar, ficando apenas à frente da Lituânia, da Polónia, da Roménia e da Bulgária. Vários países que até há poucos anos orbitavam no império soviético encontram-se melhores classificados, segundo este "top". O que se passa então com Portugal? Olhando para o gráfico, percebe-se a resposta: de um ponto de um ponto de vista da democracia formal, Portugal fica em 14º lugar, acima de países como a Espanha ou a Grécia ou a Itália. O que puxa a democracia portuguesa para baixo são os outros critérios. Por exemplo: a participação. Aqui a posição portuguesa desce para 19º lugar. Ou seja, as instituições políticas formais estão pouco cercadas de associações cívicas que as escrutinem.

Um aspecto inovador do estudo da Demos é o que avalia também a "democracia familiar". Tenta perceber-se em que países há mais direitos para cada um escolher a estrutura familiar. Entre os 25 países analisados, Portugal ficou em 21º. No cômputo geral, a Demos concluiu o que já se intuía: há um claro padrão geográfico na qualidade das democracias. Os países nórdicos são os melhores. As democracias vão-se fragilizando à medida que se desce no mapa europeu. Os países protestantes tendem a ser mais abertos que os católicos. in dn.sapo.pt (2008/05/04)

Max Weber sempre colocou de um lado os países protestantes, livres e ricos, e do outro, os católicos: repressivos e pobres...


Democracia à africana

As eleições na concelhia do PS na Amadora acabaram nas mãos de José Sócrates - o candidato derrotado apresentou queixa ao secretário-geral do partido pelo que diz serem "irregularidades graves" no processo. À espera da resposta, quer levar o caso às últimas consequências. "Isto não fica assim, quero ver tudo esclarecido", afirma Guilherme Magalhães. Que aponta "irregularidades estatutárias" e admite que haja matéria do "foro criminal".

Avançada ontem pelo semanário Expresso, a polémica envolve a inscrição de cerca de uma centena de novos militantes, que entraram naquela estrutura socialista na data limite (seis meses antes do acto eleitoral) para poderem votar nas eleições concelhias de Março último. O Expresso cita alguns destes novos filiados no PS, que dizem ter recebido cartas com cartões de militante, e as vinhetas que comprovam o pagamento de quotas - sem que, afirmam, alguma vez se tenham inscrito no partido ou pago qualquer valor.

O semanário refere ainda que nos cadernos eleitorais da secção da Amadora o mesmo nome repete-se com moradas diferentes, ou a mesma morada revela dois nomes praticamente iguais. in dn.sapo.pt (2008/05/04)


Pois!

anahenriques Diz:
Maio 4, 2008 at 3:17 am

Os (nossos) jovens estão, neste sentido, a ser sábios. Querem lá saber do sr Silva que tem uma reforma de 800 contos por mês por ter passado pelo banco de Portugal! (dos comentário no "umbigo")


Paulo Portas: a impunidade não pode continuar - 5

Bom, nem vale a pena falar do caso que não é de incúria, mas de despudorada violação criminosa, que levou Paulo Portas a sair do Ministério da Defesa com quase 62.000 fotocópias de documentos classificados como "confidencial", "NATO", "submarinos", "ONU" e "Iraque"; documentos que não são obviamente “pessoais”, como ele alegou, já que se fosse esse o caso, bastaria levar ....os originais.
Resumindo, já que Paulo Portas insiste na necessidade de pôr fim à impunidade no Estado e dos seus agentes, porque não apurar a extensão das suas próprias responsabilidades quando foi governante de Portugal?
A impunidade não dura para sempre. A de Paulo Portas não pode continuar. [Publicado por AG] [23.4.08]

Paulo Portas: a impunidade não pode continuar - 4

Também foi a incúria (no mínimo) de Paulo Portas à frente do Ministério da Defesa que explica como é que foi assinado um contrato de €450 milhões com a AgustaWestland para a aquisição de uma frota de 12 helicópteros EH-101... sem um contrato paralelo de manutenção e operação dos aparelhos, dos quais agora uns são canibalizados para pôr outros a funcionar. É verdade que a AgustaWestland também tem responsabilidades no cartório, no que toca à falta de peças e às falhas mecânicas que regularmente são referidas na imprensa, e que já causaram acidentes com feridos. Mas já em 2001, houve quem questionasse se não era disparate duplicar os encargos logísticos, adquirindo os NH-90 para o Exército e os EH-101 para a Força Aérea - helicópteros de dimensões e capacidades comparáveis, mas de empresas diferentes. Agora a resposta está aí nos aviões parados e avariados (mas avariadas não estarão provavelmente as continhas bancárias de alguns senhores envolvidos no negócio). [Publicado por AG] [23.4.08]

Paulo Portas: a impunidade não pode continuar - 3

Porque foi a incúria (no mínimo) de Paulo Portas pelo interesses do Estado que levou Portugal a enterrar uns faraónicos €1,07 mil milhões na aquisição de dois submarinos - que o país vai ficar a pagar por largos anos - de que o país precisa tanto como ... de um porta-aviões (bem sei, bem sei, que a Marinha invocava o periscópio da Espanha a controlar-nos os mares). Mas a lógica desse contrato começa a ser mais inteligível quando está sob investigação judicial um estranho pagamento na conta em Londres da empresa ESCOM (UK), ligada ao BES, (pelo menos 24 milhões) de onde aparentemente foram desviados fundos para, através de contribuições de militantes imaginários como o tal "Jacinto Leite Capelo Rego", rechear as contas do partido de Paulo Portas... (E não só, e não só!.... uma fonte militar que viveu por dentro o processo da aquisição dos submarinos disse-me recentemente que mal Paulo Portas se meteu a negociar o contrato e fez entrar a ESCOM ao barulho e naturalmente mais gente, de outros partidos na AR, o contrato passou a custar mais 35%! Ao Estado, ao nosso bolso colectivo, sim, sim!)[Publicado por AG] [23.4.08]

Paulo Portas: a impunidade não pode continuar - 2

Porque foi a incúria (no mínimo) de Paulo Portas pelos interesses do Estado que levou, em 2002, à saída de Portugal do consórcio europeu que estava a desenvolver o novo avião de transporte militar A400M.
A participação portuguesa no A400M incluía uma quota-parte no projecto industrial, de que ficariam responsáveis as OGMA, e que poderia beneficiar outras empresas portuguesas. Mas Portas preferiu desistir do consórcio industrial europeu para adquirir vários C-130J americanos - que afinal não adquiriu, porque como eu e muita gente avisou eram aviões com defeito, que ninguém comprava.
O A400M "custava muito dinheiro", disse na altura Paulo Portas, como uma das justificações para nos fazer desistir - em troca de nada - de um projecto em que Portugal já tinha investido muito dinheiro, incluindo na formação de técnicos e militares. Mas Paulo Portas não olhou a despesas no exemplo de incúria gritante que se segue. [Publicado por AG] [23.4.08]

Paulo Portas: a impunidade não pode continuar -1

"O Estado quando falha, não lhe acontece nada"... diz Paulo Portas, revoltado. Contra a impunidade com que são cometido erros na Administração fiscal. Queixa-se de que "o Governo anda há três anos a cometer muitos abusos e a praticar irregularidades."
Ao acusar o Estado de "fanatismo fiscal", Paulo Portas puxa pelo oportunismo populista, que é sua imagem de marca: tais acusações vêm de alguém que nunca se preocupou com a gangrena estrutural da fuga aos impostos que este Governo tenta - talvez de forma imperfeita - atacar.
Mas numa coisa Paulo Portas tem razão: "o erro tem de que ter uma sanção" e ninguém deve ser considerado imune contra processos disciplinares, ou judiciais, nem mesmo os que exerceram as mais altas responsabilidades no Estado.
A lei aplica-se de forma igual a todos.
E é por isso que esta cruzada de Paulo Portas contra a impunidade na Administração Pública pode - e deve - voltar-se contra si próprio.
Porquê? [Publicado por AG] [23.4.08] (Ana Gomes no blog "causa nossa")